O Cité Création

         

       É uma cooperativa de artista, criada em 1978. Hoje com mais de 30 anos de existência, vem conquistando uma notoriedade bastante respeitável no mundo no campo da Pintura Mural. Seus trabalhos de pintura estão no âmbito de afrescos históricos e de identidade local, possui uma gama variada de estilo indo desde trompe-l’oeil a estética HQ.

                   “Estes afrescos, trompe l’oeil, design urbanos, mostram identidades culturais fortes, tendo como objetivo revelar, embelezar, dar magia a edifícios de comunidades, bairros, cidades, empresas … para o sonho, o prazer e o orgulhos de seus habitantes” (1).

             São mais de 530 obras encontradas por todo interior da França, com uma grande concentração na cidade de Lyon, mas também presentes em toda a Europa (Barcelona, Porto, Paris, Moscou, Suisse, Berlin,etc) e pelo mundo: México, Jérusalem, Yokohama, Shanghai, Québec etc. Em breve em São Paulo (projeto em andamento).

            Com sede no parque Chabrières à Oullins, os pintores muralistas de Cité Création, dispõem de um vasto atelier à Gerland (em Lyon no bairro 7),  de duas filiais – Murale Création no Québec e Dekorative City à Berlin, também possui escritórios de representação: à Jerusalém, Moscou, Yokohama e à Shanghai.

                A particularidade original do grupo é a de criar afrescos específicos, únicos, pois estão ligados com a história, a cultura, a vida social, a identidade, a memória emotiva de cada membro da comunidade do entorno.

 Primeiro plano parte dos associados e segundo plano parte dos pintores muralistas independentes.

          Para manter o ritmo de trabalho internacional, mantêm uma ligação com 80 pintores muralistas independentes, e outros profissionais da paisagem urbana, escultores, grafistas, arquitetos, paisagistas, iluminadores etc.

       Primeiro trabalho realizado foi em 1982 em Oullins, a pintura “La renaissance” com 250m². Mas ficaram conhecidos a partir da pintura “Mur de Canuts”, 1987, com uma superfície pintada de 1.200m² que representa um pedaço do bairro de Croix Rousse/Lyon; onde a pintura se localiza. Por longos anos foi à maior Pintura Mural em trompe l’oeil da Europa. Esta pintura já foi repintada três vezes. Com uma pequena historieta que marca a força da Pintura Mural. Gilbert Coudène, diretor-chefe da associação, conta que este muro foi encomendado por uma agencia de publicidade que tinha autdoores afixados no local e queria uma pintura mural para ressaltar seus cartazes. Terminado a pintura, os habitantes do bairro ficaram tão encantados com o resultado que protestaram fortemente contra a presença dos autdoores. A agencia se viu forçada a retirá-los e a prefeitura obrigada a realocá-los.

          Hoje símbolo do bairro, foi refeito em 1997 (10 anos depois conservando alguns aspectos da anterior pintura, mas com os personagens dez anos mais velhos). A Pintura Mural permitiu essas pequenas poesias do tempo, a obra, literalmente, cresceu com o bairro. Esses episódios estão relatados no livro “Le murs de Canuts. Cité de la création”[2].

Fig. 1 – Muro antes da pintura

Fig. 2 – Primeira versão de 1987

Fig. 3 – Segunda versão 1997

Fig. 4 – Repintura de 2002

           Difícil de citar todos os afrescos de Cité Création em Lyon. A gente descobre um a cada canto da cidade, virando uma rua, uma praça, dobrando uma esquina, de repente estão lá na nossa frente. São quase uma centena, a contar a história de um lugar, de um bairro, de uma vila, de personalidade que marcaram a cidade. O célebre é imponente Fresque des Lyonnais, logo adiante o que rende homenagem a Jéan Moulin,  o da medicina na avenida Lacassagne, a biblioteca gigante, o restaurante de Paul Bocuse, e a estrela maior o muro de Canuts no bairro da Croix Rousse. A internet permite uma visão desses afrescos, mas é preciso vê-los ao vivo para sentir o impacto que estas gigantes pinturas produzem.

           Eles também criaram o primeiro museu urbano a céu aberto. “Le musée urbain Tony Garnier”, com 25 afrescos espalhados pelas empinas do bairro ‘des Etats-Unis’ as pinturas apresentam a obra do arquiteto lioneses Tony Garnier e outros 5 afrescos que retrata a visão da cidade ideal por 5 artistas, cada um vindo de um continente do planeta. Este museu ganhou em 1991 o reconhecimento da UNESCO “ décennie mondiale du développement culturel”, em 2002 o troféu turismo da região lionese e em 2005 recebe a dinstinção  de Patrimônio do século XX.

“O espectador deve ser ator de sua própria emoção e não testemunha da emoção de outros.”

                                                                                                         CitéCréation[3]

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[2] RECHERCHE, Collectif Centre de (Org.). Le murs de Canuts. Cité de la Création. Lyon: Esthetique Et Cites, 1997

[3] “Le spectateur doit être l’acteur de sa prope émotion et non le témoin de celle d’un autre” CitéCréation

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